Por quê depois de treinar os músculos ficam doloridos no dia seguinte?
A Dor Muscular de Início Tardio ou DOMS (Delayed Onset Muscle Soreness), na prática é a “dor do dia seguinte” que representa a percepção da musculatura, às vezes apenas ligeiramente dolorida ou em outras situações com intensidade bem maior daquele grupamento muscular solicitado durante o exercício físico.
Esta dor é causada por esforço físico intenso ou acima do habitual, podendo ainda nos dias de hoje estar associada erroneamente à concentração de ácido lático no músculo. A associação do ácido lático à dor muscular não é necessariamente equivocada, uma vez que o acúmulo deste no músculo resulta em um quadro doloroso. Trata-se de uma dor aguda que aparece durante e imediatamente após o exercício. Ela é decorrente da falta de fluxo sanguíneo nos músculos em atividade (isquemia) e, em razão deste processo, os produtos da atividade metabólica (acido lático e potássio) não podem ser removidos. Em excesso, eles estimulam os receptores dolorosos localizados nos músculos.
A dor persiste até que a intensidade da contração para restabelecer o fluxo seja reduzida ou interrompida. Estudos recentes sobre a DOMS comprovam, inclusive, que o ácido lático é eliminado do organismo em duas ou três horas após o término da atividade física. A dor tardia, por sua vez, está associada a microtraumas musculares. O esforço provoca lesões em algumas células musculares (fibras), que por sua vez sofrem rupturas e derramam enzimas (creatinoquinase ou CK) na corrente sangüínea, levando a uma resposta inflamatória, causando dor e edema. O pico da CK pode aparecer ao redor de 48 horas após o término das sessões de exercícios.
A dor do dia seguinte tem seu aspecto positivo, desde que seja um quadro moderado de dor. A explicação se daria que no processo de regeneração das microlesões, o músculo vai se remodelando como forma de se adaptar ao exercício, o que resulta em fortalecimento.
A causa desses pequenos traumas está ligada a fatores mecânicos e químicos. Os mecânicos dizem respeito ao esforço vigoroso, ou seja, quando você sobrecarrega o músculo com intensidade ou força, ele sofre as microlesões e reage com dor. Desta forma um programa de treinamento físico de progressão lenta, para que os músculos exercitados se adaptem ao estresse do exercício, é o mais indicado.
Já os químicos estão relacionados aos radicais livres que representam moléculas instáveis ou fragmentos de moléculas sem um par de elétrons em suas órbitas exteriores. A atividade física prolongada libera radicais livres, que destroem as membranas celulares, causando danos e prejudicando o remodelamento muscular. Aliás, se pudéssemos neutralizá-los, encurtaríamos o período de dor do dia seguinte.
Portanto, frente ao quadro apresentado torna-se importante a atenção para o repouso, reposição nutricional e hídrica para deixar o músculo íntegro novamente. O dia seguinte após o exercício deve ser de recuperação. O descanso e a alimentação adequada após a atividade são fundamentais. Um trabalho regenerativo, com atividades recreativas ou leves, como uma caminhada ou até um trote, desde que a dor não seja um fator limitante, também contribui para o processo de reparação das fibras (dependendo do grau da lesão), pois aumentam a irrigação sanguínea no músculo afetado.
Sentir uma “dor gostosa” após o exercício é sinal de que seu corpo está reagindo e buscando melhorar sua performance. Mas diante de um quadro de dor mais forte ou prolongada, é recomendável reduzir a intensidade dos treinamentos para evitar uma lesão mais grave e procurar um médico do esporte. Afinal, o que você quer é continuar se exercitando.
Silas Ribeiro
23/03/2019Bom de mais o seu artigo,melhor que eu li até agora!Parabéns! 😀